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Norberto Aníbal Napolitano, mais conhecido como Pappo, foi uma das figuras mais icônicas e influentes da música argentina. Nascido em 10 de março de 1950, em La Paternal, Buenos Aires, Pappo deixou um legado que transcende gerações e gêneros musicais. Reconhecido como o melhor guitarrista da história do rock argentino, ele também foi um pioneiro do blues e do heavy metal no país, conquistando admiração tanto do público quanto de lendas internacionais como B.B. King, que o considerava um dos maiores guitarristas de todos os tempos.
A Ascensão de um Ícone
Desde jovem, Pappo demonstrou uma paixão inabalável pelo blues e pelo rock 'n' roll. Influenciado por ícones como Jimi Hendrix, B.B. King, Eric Clapton e The Rolling Stones, ele rapidamente se tornou uma peça fundamental na cena musical argentina. Sua carreira decolou no final dos anos 1960, quando se juntou a bandas emblemáticas como Los Abuelos de la Nada, Los Gatos e Billy Bond y La Pesada del Rock and Roll. No entanto, foi com a formação do Pappo's Blues, em 1970, que ele consolidou sua identidade como músico e compositor.
O Pappo's Blues não foi apenas uma banda; foi um fenômeno cultural. Com Pappo como único membro permanente e principal compositor, o grupo lançou álbuns que se tornaram clássicos do rock argentino. Sua participação no documentário Hasta que se ponga el sol (1973), gravado durante o festival B.A. Rock, marcou sua presença como uma força criativa inovadora e incansável.
Explorações Musicais e Influências Internacionais
A década de 1970 foi um período de experimentação e expansão para Pappo. Entre 1975 e 1980, ele dividiu seu tempo entre a Argentina e a Inglaterra, onde entrou em contato com novos movimentos musicais, como o punk rock e a nova onda do heavy metal britânico. Essa experiência inspirou a criação do Aeroblus, um power trio formado em 1977, que mesclava blues rock com elementos mais pesados.
De volta à Argentina em 1980, Pappo fundou o Riff, uma banda que se tornaria sinônimo de heavy metal no país. Com letras contundentes e riffs poderosos, o Riff conquistou uma legião de fãs e solidificou Pappo como um dos grandes nomes do gênero. Além disso, ele ainda encontrou tempo para colaborar com outros artistas, como Sandra Mihanovich e Celeste Carballo, em seu álbum Mujer contra mujer (1990).
O Homem por Trás do Mito
Pappo era conhecido por sua personalidade forte e seu estilo de vida irreverente. Seu pseudônimo, que surgiu de uma deformação de "Napo" (abreviação de seu sobrenome, Napolitano), refletia sua abordagem despojada e autêntica à música. Ele também era chamado de "Carpo", em referência à habilidade impressionante que demonstrava ao mover o carpo da mão enquanto tocava guitarra. Até mesmo B.B. King lhe deu um apelido carinhoso: "The Cheeseman" (O Queijeiro), após receber de Pappo um presente inusitado – um queijo argentino e uma garrafa de vinho tinto.
No entanto, sua trajetória não foi isenta de controvérsias. Em 1985, durante uma entrevista no programa Noche de Brujas, Pappo foi confrontado pela jornalista Alicia Barrios sobre uma acusação de tentativa de agressão sexual ocorrida anos antes. Suas respostas, consideradas insensíveis e polêmicas, mancharam sua imagem e levantaram debates sobre a responsabilidade dos ídolos musicais.
O Fim de uma Era
Pappo faleceu em 25 de fevereiro de 2005, vítima de um acidente de moto. Sua morte prematura chocou o mundo da música, mas seu legado permanece vivo. A cidade de Tandil, na Argentina, ergueu um monumento em sua homenagem, celebrando a contribuição de Pappo para a cultura musical do país.
Seu último álbum, Buscando un amor (2003), lançado dois anos antes de sua morte, é um testemunho de sua dedicação ao blues e ao hard rock. Nele, Pappo demonstra toda a maestria e paixão que o consagraram como um dos maiores guitarristas de todos os tempos.
Conclusão
Pappo foi mais do que um músico; ele foi um símbolo de resistência, criatividade e autenticidade. Sua influência pode ser sentida não apenas no rock argentino, mas em toda a música latino-americana. Apesar das controvérsias que cercaram sua vida, sua arte continua a inspirar novas gerações de músicos e fãs. Pappo pode ter partido, mas seu som e sua lenda permanecem vivos, ecoando em cada acorde de guitarra que desafia os limites da música.